Com o frequente questionamento a respeito do CO2 despejado na atmosfera, todos procuram meios mais ecológicos de produzir qualquer que seja o produto. Um grupo dos que procuram resolver esses problemas, da Universidade de São Paulo (USP), “reformulou” a maneira de se produzir o cimento, reduzindo até 50% do gás carbônico emitido através da fórmula tradicional.
A base do cimento é uma substância chamada “clínquer”, que ao ser moída com o mineral gipsita até virar pó, está pronta para ser comercializada. Ele, portanto, é a matéria prima principal. Sua produção é basicamente de argila e calcário, esses que são fundidos em fornos de altíssima temperatura (1,4 mil ºC) até gerarem as pedras do produto que será moído. Essa combustão para gerá-lo é a responsável de 90 a 95% da emissão de dióxido de carbono na produção do cimento. Os números são realmente altos, “Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2, incluindo o CO2 gerado pela decomposição do calcário e pela queima do combustível fóssil (de 60 a 130 quilos por tonelada de clínquer)”. Além dessa grande emissão, cientistas apontam que o processo de obtenção do mesmo usa cerca de 80% de consumo total de energia da produção do cimento.
A solução está na substituição do clínquer por algum outro material que supra as suas necessidades, e esse material é denominado “filler”. A diferença está na produção dele. Neste caso, não é necessário o cozimento para sua obtenção, pois é composto por pó de calcário cru super fino que não precisa passar pelo processo de calcinação.
A utilização desse modelo de substituição parcial vem desde 1970, mas, de acordo com as pesquisas anteriores, o percentual máximo que poderia ser usado, sem que comprometesse a qualidade do cimento, era de 30%, porém dados recentes mostram que pode-se usar até 70% e manter a mesma qualidade. Vanderley John, professor da Escola Politécnica da USP e um dos 20 pesquisadores envolvidos no projeto, diz que é uma matéria prima muito mais simples e que tiraria grande parte dos fornos, reduzindo a taxa de emissão de CO2 ocasionada pela produção do cimento.
Hoje os números apontam 5% da culpa dessa emissão para a gerar o cimento, e de acordo com ele, caso não utilizem técnicas inovadoras e mais responsáveis, poderia chegar a 20. Há uma estimativa que a demanda de concreto mundial dobraria até 2050, pois ”Os países dependem do cimento para melhorar a infraestrutura, fazer obras, obter concreto”, diz John.
O professor de engenharia Rafael Pileggi, também da USP, relata que para que a nova fórmula funcione, deveria ser utilizada uma maneira muito mais eficiente para moer o calcário cru ou qualquer outro filler usado. As porções deverão ser extremamente finas, mas até do que o talco. Há sim tecnologia para isso, mas a indústria deve aderi-la. Essas já estão sendo utilizadas há algum tempo nas indústrias farmacêutica, cosmética e outras.
Filler é qualquer substância hábil que esteja nos requezitos básicos para a produção, porém, os pesquisadores preferiram utilizar uma matéria que já seja utilizada na indústria cimenteira, apenas modificando, para melhor, sua utilização. Reduzindo a energia e os gastos, seria uma ótima alternativa.
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